As Aventuras de Tintin foram para Hergé, seu criador, uma maneira de mostrar os melhores modelos de automóveis de sua época.
Nos finais dos anos 20, Hergé se fixou em Tintin e começou sua carreira de grande sucesso na literatura mundial. Como o repórter era sempre o protagonista, Hergé tinha o prazer de se divertir desenhando os carros que mais gostava com características tão marcantes como as dos outros personagens.
Por todos os 24 álbuns que compõem a saga das aventuras de Tintin se podem observar um bom número de veículos da época, desde 1929 até 1976. Apenas nos primeiros álbuns aparecem mais de 80 modelos diferentes e aos poucos vão ganhando protagonismo.
Com o álbum “Tintin no País dos Soviéticos” (Tintin au Pays des Soviets) em 1929, aparece a primeira aventura do jovem repórter. O carro que ele dirige é um Amilcar CGS, um modelo fabricado entre 1926 e 1929 dos quais só foram vendidos 4.700 exemplares.
“Tintin na África” (Tintin au Congo) é o segundo álbum lançado em 1930 e o veículo que o repórter belga utiliza é provavelmente o mais popular de toda a história do automobilismo: um Ford T.
No álbum que leva Tintin à América do Sul, “O Ídolo Roubado” (L'Oreille Cassée) o veículo usado nessa ocasião é um Ford V8 Phaeton com carroceria de 4 portas do ano de 1936. Hergé desenhou uma versão especial desse modelo: um veículo militar que carrega uma metralhadora.
Em “As 7 Bolas de Cristal” (Les Sept Boules de Cristal-
“O Caso Girassol” (L'Affaire Tournesol) é lançado em 1954 e nesse álbum Hergé nos mostra um Citroen 2CV, veículo que é utilizado pelos detetives Dupond e Dupont em seus deslocamentos.
E daí por diante, cada vez apareceram mais modelos, tanto de carros como também de caminhões, ônibus, motocicletas totalizando 173 modelos diferentes.
Algumas curiosidades sobre os automóveis em “As Aventuras de Tintin”:
Seu famoso topete se deve a um automóvel. Em sua primeira aventura, “Tintin no País dos Soviéticos”, ele usava o cabelo para a frente, com uma franja, até que saí em disparada em um carro e surge o topete que ficou para sempre e é reconhecido como um ícone mundial.
Tintin só roubava automóveis dos personagens maus e por necessidade. Os outros que aparece usando são de amigos que emprestam.
Hergé colaborava em uma revista de novidades da Ford Bélgica (Revue Ford) cujas fotos inspiraram os desenhos dos modelos T e V8 entre outros.
Hergé também reservava os modelos Mercedes-
Os carros dos protagonistas circulam da esquerda para a direita e vão de frente, enquanto os dos antagonistas vão ao contrário e se vê mais as partes traseiras.
Hergé desenhou um Citroen 2CV verde, anos antes de que a própria marca incluísse essa cor em seus modelos.
O Lincoln Zephyr é o carro que se vê em um álbum com 22 aparições.
Hergé era um grande admirador de automóveis, tinha preferência pelos esportivos italianos da época e, em sua garagem tinha um Alfa Romeo Giulietta Sprint Veloce branco e um Lancia Aprilia vermelho. Também comprou um Porsche 356 azul claro, igual ao que aparece no último quadrinho do álbum “Perdidos no Mar” (Coke en Stock) de 1956. Mas seu primeiro carro foi um Opel Olympia conversível, que aparece no álbum “O Cetro de Ottokar” (Le Sceptre d'Ottokar) de 1938 e, segundo suas próprias palavras: “era um carrinho excelente, alcançava facilmente os 140 km/h. Ultramoderno”.
Além de retratar fielmente modelos da época, Hergé também utilizava o recurso de criar livremente alguns modelos inspirados no seu conhecimento sobre automóveis.